Sad Theory : Descritica Patologica

Progressive Death / Brazil
(2012 - Die Hard Records)
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Lyrics


1. SINCRETISMO

Neutralidade obsessiva,
Taciturno por impulso,
Abusivo em um canto de neurose,
Esquizóide primal acima das cabeças,
Fase perversotemporal em busca do sumo,
Paranóia hebefrênica da pulsão escópica do outro,
Coletividade inconsciente de comportamento neurótico sincrético,
Arquétipos esquizofrênicos de um item abusado,
Narcisismo primário na totalidade histérica,
Intermediálise sintomática invertida,
Transtorno poético compulsivo,
Mal-estar da civilização,
Taciturno por impulso,
Neutralidade obsessiva:

Tudo isso, meu amigo, é você!


2. SHAHMAT

Dissecção abstrata.
Um olhar em abstinência
Destila suor entre ficções ambíguas.
Apalpo o silêncio.
Ao enfermo é proibido segredar coisas belas e sujas.

Surpreendo a libido
Tornando o espelho meu cadafalso.
O tropeço do papel sob as unhas,
Qual moscas na retina.

Rejeito a forma.
Procuro o chão opaco contra retalhos agudos.
Cada enigma mudo,
Regurgita imagens nítidas de deus.
Ou não.


3. TRES PATETAS CETICOS

Três patetas céticos
Altercam monólogos míopes.
Confabulam virtudes abjetas.
O seio deficiente da carne.

Três patetas sádicos
Versejam avareza ingênua.
Acusam o prazer cínico da culpa,
Coagulando afeto aos miseráveis.

Entre estes, a servidão da palavra.
O recato do suicida.

Nenhuma decência reservada à bílis.
Apenas à remissão do covarde.

E onde o cego acolhe o tolo,
Cuja sede devora orfeu,
Restaram três patetas mendicantes,
Solfejando meias verdades.


4. REFLUXO

Saliva entalada na garganta
Estômago amarrado:
Tateio espremido por dentro da parede,
A fumaça escura do pulmão.

Tenciono a introspecção fédida
Da dentição apodrecida:
Entorno escurecido no canino,

Basta um espelho.

Discrepância estridente
Dedos soterrados no ouvido:
Uma fuga para a dor,
Refluxo engolido.


5. EPILETICO

Espesso semblante desvirtuado
Perturbações acrobáticas do corpo:
Então comprime os músculos do braço
Inventa as costas no chão.

Coronárias estáticas: olhos virados
Brancos. imensamente brancos

Reluta o céu da boca
Afoga-se em salivas mastigadas
Mas engole a seco, pó.
O rosto esbarra pedras.

Coronárias salítricas: olhos virados
Tortos. Imensamente tortos

É da mesma paisagem que o fim -
Confunde as pernas sobre as outras –
Alguém o chama:
Apenas uma voz funda... longe.


6. GROAS DE POLVORA

Grãos de pólvora.
Cores intensas aliviam falsas euforias.
Uma elegia ao medo.
Seus dedos mornos cauterizam o olhar mudo.
Freqüências invertidas conduzindo esperma e lucidez.

Passos trôpegos.
Serão as almas castas,
Como esquifes de absinto?
Melhor o suor do fígado,
Que a cortesia imunda de profetas mortos.

Estando desperto,
Sonho com abutres a devorar meus punhos.
A carne rasgada junto aos ossos.
Há pus em minha saliva, mas não me importo.

Um quarto vazio.
Sangue sob os lençóis.
Recorto palavras contraditas,
Costuradas em silêncio profano.
Às vezes, até uma mentira conserva sua ventura.

Afinal, as vozes não mais ecoam.


7. OUTRO

Longe com esse discurso gago,
Corrompido e carcomido pelo tempo passado.
Distante com esse odor
Mendigando coerência discreta ao mau-cheiro.

De lado com esse moribundo pensamento
Míope de ser igual.
Fora com esse falso-entendimento
Caquético de todos os outros.

Esconda-se com esse sinal de íngua,
Carne seca de todos os dias.
Finja-se com esse mastigo enervado,
Perverso adquirido.

Abotoa-se com esse nó na garganta:
Majorento trespassado,
Naco desdentado,

Não você, o outro.


8. AURORA MORBIDUS

Onde estão os mortos?
Nódoas de bálsamo sonham a guerra.
O jovial odor desta aurora, sufocada com sangue.
Somos todos cúmplices.
Somos todos vítimas.

A derrota disciplina o homem.
Amarga ideologias insalubres,
Esmaecidas em sofismo pueril.
Somos todos sombras.
Somos todos júbilo.

Efígies ressequidas sob coisa alguma,
Restam entre os vivos.
Ao oráculo, dedico o vil fulgor
Desta tragédia imunda:

“Revolvendo a terra,
Qual o silvo da serpente
A queimar os olhos,
Duas luas se encontram
Amargando espectros bifrontes.
Outro cortejo fúnebre celebrado
Por homens de sal e ferrugem.
Mais um adeus cômico.
Fastio.
E nada mais.
Nada mais.”


9. TAUROMAQUIA REVERTIDA

Domo sua fúria tesa
Com passos leves de bailarino russo
E gritos e sussurros mouros
Gingo sua carne ainda viva

A lâmina atravessa sua costas,
Rasga o couro e corta suas entranhas
Vermelho espesso ressecando ao sol
Colocado ao lado da cor

A platéia assiste atônita
Quando caí cambaleante
O corpo tremendo, vacilante
Pela morte vinda igual rapina

Mata-me como fez com meus irmãos,
Mostre minhas tripas para o rei.
E nesta tarde
Fiz uma tauromaquia revertida


10. ESPINHOS

O titubear de sua cabeça:
Craveja espinhos em seu estômago,
Expira catarro pulmonar
E encosta-se na parede do bueiro.

Respira a carniça do urubu,
Mas sai ferido de seu almoço.
(A disputa foi covarde)
Coça as unhas de sebo.

À noite em seu cafofo,
Arranha o espelho em que se vê,
Despe fios do cabelo
E com os punhos cerrados para cima
Grita que é rei.


11. CONCRETO

Nesta cidade
De opacas manhãs,
Longe das idéias
A coesão se dissipa.

Inversão de lugares com
Olhos de não estar.
Mas apenas perdido no meio:
A mesma neblina.

Nesta cidade
De surdas tardes,
Um cisco no canto da ruga:
O pigarro da nicotina.

Cada um no seu estalar,
Mas livres do chão.
Perto do alto súbito,
A mesma dor invertida.

Nesta cidade
De nubladas noites:
Metáforas do concreto,
Ecoam em sua memória.

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