Bizarra Locomotiva : Ódio

Metal Industriel / Portugal
(2004 - Metrodiscos)
En savoir plus

Les paroles

1. GÁRGULA

Ela riu-se para mim com aquela boca mortiça
E soltou um silvar fenólico.


2. BURACO NEGRO
Esgoto
Atrais-me em queda
Esgoto
Tento fugir

Mas caio
E caio, Caio, Caio

Esgoto
Atrais-me em queda
Esgoto
Tento fugir
Esgoto
Atrais-me em queda
Esgoto
Tento fugir

Mas Caio
E caio, Caio
E caio, Caio, Caio, Caio


3. FANTASMA
Abres a noite por entre poeiras
Que se levantam dos restos domésticos
Remexes a teu próprio prazer
Arrastas a tua figura fantasmagórica

Fantasma
Arrastas-te sofrido
Não pares
Só assim sairás vivo

Fantasma
Arrastas-te sofrido
Não pares
Só assim sairás vivo

Debruças-te no riacho putrefacto
Onde sacias a tua sede
Cansado foges do éden de lixo
Encontras refúgio na cruz dos desalentos

Fantasma
Arrastas-te sofrido
Não pares
Só assim sairás vivo

Fantasma
Arrastas-te sofrido
Não pares
Só assim sairás vivo.


4. DESGRAÇADO DE BORDO

O desgraçado de bordo
Recusou as oferendas
Recusou a moral
Recusou a vida
Queriam-no atado à persistência do tempo
Davam-lhe a imortalidade

Desgraçado de bordo
Recusou as oferendas
Recusou a moral
Recusou a vida

Escolheu o descalabro dos mendigos
Desenterrou escutou e calou.


5. O FRIO

Sombras de névoa
Queimam-me a pele
Ebulem bolhas
Queimam-me a alma
Fito o crepúsculo
Pela última vez
O frio que transporto
Gela-me e Corta

Impelindo o sol abruptamente para a morte

Empurro o sol para a morte
Empurro o sol para a morte
Empurro o sol para a morte
Empurro o sol para a morte

Calam-se os ventos
E eu torno a passar
Eleva a tortura eternamente

Sonho então
Com o alvorecer
Por entre os claustros
De outros destinos

Empurro o sol para a morte
Empurro o sol para a morte
Empurro o sol para a morte
Empurro o sol para a morte


6. USINA

(instrumental)


7. PEDINTE

Subi tão alto
Sou pedinte
Amargo o meu destino
Sou pedinte
Num triste lamento
Sou pedinte
Nada tenho
Tudo peço

Sou pedinte
Poluo a paisagem
Sou pedinte
Hoje estico-te a mão
Sou pedinte
Sujo-te as fontes
Sou pedinte
Ocupo-te as escadas
Sou pedinte
Ninguém mereço
Sou pedinte

És cego à nascença
E eu sou pedinte
Pelo orgulho vão
Eu sou pedinte
Hoje estico-te a mão
Sou pedinte

Choro rouco a mocidade de glória em que os benditos me amavam
Na alvidez perdida precocemente
Hoje estico-vos a mão, só os malditos acodem
Irmãos na dor
Saímos de mãos dadas na busca de um repouso de veludo
Gelado pela intempérie social
Calvário nosso que partilhamos sem orgulho
Hoje estico-vos a mão
Mas infelizmente nunca estarei só.


8. MOSCAS

Sinto-me a bater no fundo
Na pele de um moribundo
Pensava-me a ganhar
Mas desfaleço a sangrar

Moscas
Que te sentem no vento
Moscas
Que pousam no excremento
Moscas
Que te sentem no vento
Moscas
Que pousam no excremento

O meu desgosto é profundo
Sinto-me a mais neste mundo
O meu cheiro é nojento
E no meu ventre o lamento

Moscas
Que te sentem no vento
Moscas
Que pousam no excremento
Moscas
Que te sentem no vento
Moscas
Que pousam no excremento.


9. TRÁFICO DE ORGÃOS

Apesar dos atrasos do correio
A febre chega num órgão satélite
Que se auto-rejeita num acto de fidelidade a um silo de vida
Raspada a pele
Apagam-se os últimos vestígios de um código de barras
Antes cognome de um ser
Agora enganado
É oferecido numa caixa a uma mansão de coágulos
Que se dissolve por um mês.


10. COISA MORTA

Olhos no chão
Procuro a pegada do medo
Sigo ajoelhado
Em vénias de respeito

Invado o ermo
De ícone em punho
Estranho uma presença
É a minha dor

Coisa morta
Lembras-me quem sou
Coisa morta
Lembras-me o que sou

Fito-me no espelho
Tatuado num papiro humano
Arauto da tua memória
Que me lembra quem sou

Que me lembra o que sou

Coisa morta
Lembras-me quem sou
Coisa morta
Lembras-me o que sou
Coisa morta
Lembras-me quem sou
Coisa morta
Lembras-me o que sou
Coisa morta
Lembras-me quem sou
Coisa morta
Lembras-me o que sou.


11. MORDO

Mordo a língua para me sentir vivo
Mordo as grades para me sentir vivo
Mordo os dedos para me sentir vivo
Mordo a clausura para me sentir vivo

Mordo
Mordo
Mordo
Para me sentir vivo

Mordo
Mordo
Para me sentir vivo

Mordo-te os seios para me sentir vivo
Mordo-te insano para me sentir vivo
Mordo-te o púbis para me sentir vivo
Mordo-te louca para me sentir vivo

Mordo
Mordo
Mordo
Para me sentir vivo

Mordo
Mordo
Para me sentir vivo

Mordo
Mordo
Mordo
Para me sentir vivo

Mordo-te os lábios para me sentir vivo
Mordo o pavor para me sentir vivo
Arranho a urna para me sentir vivo
Mordo-te a vida para me sentir vivo

Mordo
Mordo
Mordo
Para me sentir vivo

Mordo
Mordo
Para me sentir vivo
Mordo
Mordo
Mordo
Para me sentir vivo.


12. ÓDIO

(instrumental)


13. O REGRESSO

Horrivelmente mutilado
Junto as peças
Numa azáfama de desespero
Guardo o franzir da sobrancelha no armário das dores
Junto aos destroços cardíacos
Arrumo as ideias que já não me pertencem
Em busca do analgésico antes eficaz

A dor não passa
A dor não passa...
Fecho o armário entalando-me num amor morto
Num só golpe misericordioso
Na tentativa de impor um ruidoso convite De regresso à vida.

paroles ajoutées par L4G4RT0 - Modifier ces paroles