Inthyflesh : Claustrophobia

Black Metal / Portugal
(2011 - Nykta)
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Lyrics


1. DA NOSSA CARNE

Recatados eflúvios que se revelam
Em abundante mijo.
Grave menina,
Não demando a tua carne,
Apenas a ascosidade e tribulação.

Tenra mas rotinada,
A lançar pulso na carne
Que resvala intumescente
Entre vómito e saliva.

Mordi-te em sangue,
No teu sofrimento reside
A engastada pronúncia da minha libido,
Os prazeres fundeados na consanguinidade.

Logra a réstia da vida,
Engulipa o orgulho e a minha foda
Fustiga-me em reverência,
Demonstra o teu nervo e ímpeto.

Demudada pela recusante pertinácia,
Ultrajas-me com modos de rebeldia
Néscia e eloquente.

Tesouro de enlevo feroz,
Avocas-me pelo instinto eversor
De provocações e dor latejante.

Oh! Requinte atroz do encante


2. ABISMO INTERIOR

É nocivo recusar os ímpetos
De tenaz desacerto e lascívia
Em imutável erupção.
Instiga a irrisão renegar
O assombro infligido
Pelo agreste sentir.

É ódio ou infortúnio este ardor,
Todo o clamor descomedido
Em suores e tremores,
Em máculas e abismos,
No desassossego bailante da dúvida.

Destarte pertences-me
Num alvor de entrega total,
Sem alma mas em devoção carnal!
Fustigo a veleidade de dispêndio,
Quero-te cruel na minha sanidade,
Golpeias-me de malícia
E revela-se efectivo
Que nem chagas de sujeição

E assim integras-me
Na encruzilhada de ser,
Em labirintos mascarados
Com cinza da flama que haurimos
Concretizando a minha posse por ti


3. DEVANEIOS DE REJEIÇÃO

Esse coração era meu
Despedacei-o contra o tempo.
Não há nada que me possa matar
De que eu já não tenha morrido.

Libei a morte em todas as cores
Mas continuo cinzento.
Consagrei o peito à fatalidade,
Conselheira, alcoviteira,
Será minha consorte.

Perduram as angústias
E a inquietude constante
Desenfreada, impulsionada
Pela negação do meu jazer.

Envido matar de morte sofrida
Com arrepios de anseios
Descobertos ao acordar,
Onde as sombras surgem sem corpo,
Onde o lume se consome no olhar.

Será que destilarei os vapores da morte,
Com fervor cósmico?
A morte é um suspiro de elegância
De rasgada prematuração.

De nada servirá o precato,
Nem enleado recato,
Sobre a tua cerceada existência,
Rudimentar conjugação de má sorte


4. HASTEADO AO INFORTÚNIO

Rude tristeza
Que abarca o olhar
De olhos inundados,
Trémulos como a chama, um círio,
Farol do imprevisível
De abusos que se revelam,
De traições que se rebelam.

Içados ao sublime
Pelo meneio do estéril,
De vaidade compulsiva
E enferma de si mesma.

Manifesto de um adeus solitário,
Rigidez arisca,
Cinismo de mil faces
Que arrebata em incandescência.

Tormenta que inundas
Os sentidos perdidos,
Macerados numa teia de conspirações,
Num rio de palavras
Que desagua sem significado,
Gélido e sôfrego
De um toque atento,
De um golpe de intenção.

Vidas entorpecidas de viver
São sombras em corredor estreito
Da noite iluminada pela suspeita
E vil memória que definha a carne.

No silêncio, só o choro de quem desiste
E logo então sabe que a alma não existe.
O desespero tolhe a vontade
Que se agita em mudo e gritante infortúnio


5. PERDIÇÃO NO VÍCIO D'AUSTERIDADE

Portas entreabertas
Que não revelam o juízo
Cínico e amasiado com a libido.
Respeito, euforia, que convergência!
A lubricidade afoga a alma divina.

Um golpe de intenção,
Assaltos de impaciência,
Ceifaram incautos cingidos a rectidão sofrível
Avultada por fervores d'índole má reputada.

É o cheiro denso a clausura,
O moto do contra-natura
Que invade, liberto, todos os cantos
Deste recanto de amor que se nega em ciclos.

A indulgência d'um novo século,
Um mundo sem fim tolhido na sua exiguidade.
Qual berço embalado na angústia
E na agitação de quem se masturba, por fim.

Paredes empilhadas de memórias,
Um chão manchado de ilustrações
E missivas nocturnas de afazeres
Embriagados pelo despudor.

Do alto da aparência oca,
E diplomacias em cadeiras de veludo
Como os vestidos,
Rasgados, transpirados de açoites
E olhares agrilhoantes


6. ENFERMIDADE DELIRANTE

(Instrumental)


7. ALVOROÇO DE ANTECIPAÇÃO

Desnuda-te, em régia provação,
Arrazoa os crimes a serem cometidos.
Carícias que fulminam, qual cicuta,
E outras malícias latentes
Como eufemismos dolorosos.

Perfídia no mais venusto trono
Incitante de avidez
De disputas de ufania e exício.
Ânsia madrasta,
Desfastio feroz.
Carne grácil, negácia
De volúpia e sangue
Que ferve e verte
Sabor férreo que se impõe
Ocupa os sentidos
Em deleite, num altar
De delitos

Em tu braceiro as ilusões ilustrações
Do meu iníquo íntimo.
É básico o instinto,
É brioso o desejo
Lamentando a sorte
De momento tão fugaz.
Impõe-se fatalidade
Que se vai, depois de vir
Em assombro,
Arreda-se após a procela.

Brinda-nos agora com despudor,
Exalta-nos o ardor além-amor


8. SÔFREGO DESENCONTRO

E tudo se esvanece no desencontro,
Ofusco-me no brilho da tua carne polida.

Na dança das pétalas de perfume sentido
E vezeiro embora vernáculo.
Ora restrinjo-me ao abraço da saudade,
Macilenta, que refreia.

E ao alcançar-te revejo-me em labirintos
Visão como agulhas que invadem
Em matéria do corpo.

Mas tentado pela palidez marmórea
Ergo-me no cúmulo de te permear
Com avidez, que me esvazia.

Entrego-me ao abismo
Instigado pela ausência que a tua dor
Completa e transpõe em sangue


9. SUBMERSO EM INSTANTES

Artérias de ruas cegas
De uma cidade imunda
Que desperta em silhuetas
Numa pálida madrugada intensa
Cuspida por ténues luzes.

Inundada de odores de cio
De putas vigilantes
E sedentos olhares de cobiça,
Ofício de mil-artes.

Rios de vómitos sulfúreos,
O nojo comum em vala aberta
E descoberta num desatento
Golpe de declínio.

Enferrujados e estranhos maneirismos
Desequilibraram o efectivo
Num lamaçal de bizarras conjecturas
E cinismo cimentado em cada esquina.

Desfaz-te mundo
Nas minhas mãos,
Esgota-te em submissão
Entrega-te ao meu destino

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