Life Is A Lie : TOMO II: Sobre os Fundamentos d'Ordem

Death Grind / Brazil
(2006 - Mutilation Productions)
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Lyrics

INTRO
Nunca mais rezarás, nunca mais descansarás, nunca mais confiarás na segurança sem fim. Te proíbes qualquer paz última, segurança última e desaparelhar teus pensamentos. Não há mais um constante vigia para tuas sete solidões. Não há mais nenhuma razão naquilo que te acontece, nenhum amor naquilo que te acontecerá – e eu pergunto: ó Homem da Andança, será que terás esta força? Ninguém ainda teve esta força.



O TEMPO DESTRÓI TUDO

Se os dias acumulassem o peso das horas em nossos ombros,
se os eventos passados todos pesassem na memória,
como fardos de metal
se os sopros dos adeuses eternos não suavizassem com o tempo,
se a marca da traidora mulher não se apagasse com as carícias de uma outra qualquer,

então o universo seria uma coleção de uivos e dentes rangendo
um batalhão de Sísifos cansados e de músculos doloridos
formidáveis heróis num mundo onde o heroísmo é vazio,

o esquecimento é força da vida
mas é ali, na carne que se recompõe lentamente
que mil possibilidades de crime fecundam

o coração dolorido não esquece uma ofensa
e aguarda na espreita
o momento certo de atacar.

COMENTÁRIO: ... isso já faz muito tempo, Sarah. Muito tempo. Ainda naquela época estas paragens verdejavam e os homens jogavam cartas todos os domingos enquanto as mulheres liam e conversavam animadas. Incrível a marcha do Tempo! Os campos secam tão rapidamente como as esperanças. Lembra dos amigos todos que tínhamos aqui? Das juras de amor, das cartas cunhadas ao delírio das lágrimas? Agora somente papéis amarelados em um baú esquecido. Você era muito bonita, os rapazes a desejavam – acredito que nos sonhos noturnos deles você estava também... Precisaríamos de mil páginas para relembrar tudo o que aconteceu por aqui. Teríamos uma história e tanto, recheada de júbilos e infortúnios. A questão é que ao reviver aqueles dias nós poderemos macular a ingenuidade de certos instantes, trazer do limbo o maldito dia em que...



CHUVA DOURADA
É disso que preciso para saber que ainda estou vivo.
É deste cálice que quero beber para sujeitar-me ao delírio do seu prazer.
É do sorriso e da lágrima que adornam seu rosto e das unhas contornando os esconderijos de um corpo;
É do vício, da corrente, do látex,
da corda enforcando, do grito de mulher,
da lâmina que te faz ajoelhar
e banhar-se
nas gotas de uma chuva dourada.

COMENTÁRIO: “... e os finos cabelos da sua nuca delicadamente repousando no pescoço fariam-me suspirar – e isso eu permitiria, para que o gozo fosse completo – mas o nojo permaneceria. Estranha sensação, esta do desejo misturado ao nojo! É como se o espasmo da ejaculação viesse junto com um vômito. Somente você para inspirar-me tão conturbadas sensações!”



GARDENAL 200MG

Estive pensando nas palavras do Cristo
nos pensamentos do Rei dos Judeus,
quando senti os primeiros sintomas
fazer tremer os braços meus.

Incontrolável ficou meu corpo
agora tão frágil que não percebi
as pernas falharem, a língua enrolando,
o grito maldito na dor do cair.

Arrastando a face pelo chão
humilhado pela desgraçada enfermidade
pensava nas palavras do Cristo,
pensava no seu sorriso de doce bondade.

E os nervos torcidos rompendo a carne,
a saliva que escapa da boca enegrecida
fazem o êxtase do judeu Jesus
que elege a dor como graça bendita.

E é somente dor no que se transforma a Vida
quando o ataque consuma-se enfim:
os dedos quebrando, olhos foras de órbita
grunhidos horríveis, monstro fora de si.

Sim, é um monstro, é isso que sou
quando a febre faz a fera adormecida
saltar do seu canto e, rangendo os dentes,
debater-se no frenesi da epilepsia.

COMENTÁRIOS: “Não tenho cura e não me preocupo com isso. A imagem do homem saudável aborrece-me muito mais. Veja o espetáculo da saúde! Alguma profundidade você consegue ver num homem plenamente saudável? Este homem apenas sabe contar a extensão de seus campos e quantas moedas enviou aos cofres públicos na última quinzena. Sim, este homem é feliz em sua eterna ignorância e talvez seja isso o que eu mais odeie nele; de qualquer forma estamos falando de alguém diminuído, de um ser que não experimentará a dor da úlcera fatal fazendo o pensamento, tão acostumado ao tédio da repetição, arrojar-se no abismo e dele somente sair para ver o lixo que tudo é.”



DE PÉ ENTRE RUÍNAS

Somente vejo destroços, somente ruínas
Uma coleção de tristes linhas imprecisas
a formar do mundo a face horrenda
que o momento final experimenta

Vejo a democracia falida, vazio o sujeito
Para uma moral de escravo entregues os valores
e já não há mais quem poupe louvores
à baixeza dos modernos tempos

Só resta então em pé permanecer
orgulhoso rir de todas as tentações humanistas
e esperar os floreios de um novo amanhecer

cujas luzes terríveis, ofuscando-me a vista,
mostrarão a vastidão dos destroços e ruínas
onde apenas a força será a fonte da vida.



CRESCEI E MULTIPLICAI-VOS

Crescei e multiplicai-vos
e aumentai o escopo de vossas inquietações
trazei a este mundo novas criações
para sofrer os apocalipses do amor.

Crescei e multiplicai-vos
e que cada parto seja um espetáculo de dor
e de joelhos levando as mãos ao Senhor
agradeceremos as novas crianças nascidas.

Crescei e multiplicai-vos
e assim perpetua-se a ferida,
novas existências para o apetite da Vida
satisfazer-se como louca embriagada

e multidões de insensíveis Nadas
é o que os olhos do Misantropo alcança
ele que sonha com épicas matanças
de ventres abertos e mães chorosas
abraçando fetos sob a rubra aurora.


COMENTÁRIOS: Chora, chore o quanto quiser. Nada do que você fizer mudará minhas prerrogativas. Os censores comprovam, os fatos são escandalosos e cospem nas faces daqueles que ousam defender a candura frente ao Abominável. Sim, pois é abominável saber que a Grande Vida e o Destino multiplicam-se como pestes e afundam em mediocridade este reino já tão sem brio. Por toda parte vejo o Fútil, o Desnecessário, o acúmulo do Frágil e de leitos imundos para abrigar esta geração que perpetuará a raça miserável a que pertencemos. Alguns me interpelam e propõe, ridiculamente, um processo lento e gradual onde, de forma voluntária, estes vermes abdicassem de multiplicar-se. Ora, não precisamos de outras utopias e sim da audácia de um Herodes ainda mais insano e sedento de crime. Eu estou indo agora e não descansarei até que todos, absolutamente todos, vejam que minhas palavras têm peso de ferro e a forma de uma lâmina.



KALI YUGA

Estes são tempos onde a Fraqueza ganha voz
e faz o mundo a sua imagem e semelhança.
Estes são tempos onde a Imundície é Beleza
e o Instinto cede lugar ao Pecado.
Estes são tempos onde o Ouro transforma-se em Pó
e a Honra é trocada pela Paz.

Desde eras esquecidas – o mundo em declínio

Com orgulho o homem esmagava o inimigo
até que a Cruz fez do guerreiro um convertido
e o vigor da Poesia, da Arte, do Conhecimento
diluiu-se na Ignorância dos novos tempos.

Arrogante Nostalgia
de eras esquecidas
de velhos deuses e cidades
que confortam meus olhos
cansados de Modernidade!

És minha Inspiração
neste Aeon miserável
onde o Homem está vencido
onde tudo é destruído
e nada mais pode ser salvo.



ORDEM BESTIAL (os fundamentos)

Rebaixar a beleza e a singularidade da vida humana:
um vazio sem futuro tudo é, foi e será.
Enaltecer o vício, a violência e os hábitos noturnos:
para fortalecer a alma e assombrar os fracos.
Rejeição fanática do lixo judaico-cristão:
novos Coliseus para a limpeza espiritual do Ocidente.
Sexualidade viril no limite da Tirania:
o prazer como realização da Vontade de Potência.
Exercícios intelectuais em bibliotecas empoeiradas:
a educação individual fortalecendo devaneios de Glória Absoluta.
Negras vestimentas, botas e um coração impiedoso:
uma Ordem Bestial para tudo destruir.



ORDEM BESTIAL

Senhores e não escravos, dominadores e não dominados: no espírito desta Ordem há espaço para a audácia que alimenta incêndios históricos. Colocamos-nos acima das correntes de pensamento que enxergam na tola existência humana uma dignidade superior. A vida humana é tão somente uma manifestação da Grande Vida que, multiplicada na existência de todos os seres, relativiza-se em sua magnífica diversidade. Sem propósitos, sem um “grand finalle” para animar nossos passos, estamos condenados à miséria do dia-a-dia e a viver sem estímulos exteriores que sejam dignos de confiança.
Talvez tudo isso soe demasiado catastrófico e negativo para os espíritos acostumados aos subterfúgios espirituais, já que o homem moderno não está fortalecido em seu ânimo para aceitar a vida em sua futilidade essencial. Este homem precisa sentir algo mágico lhe proporcionando sentido, conforto, segurança e estabilidade o tempo todo. Acreditar que após a morte teremos um Paraíso a nos receber é somente uma crença entre uma constelação de outras crenças, mas ela tem uma força extraordinária e é capaz de, por si só, criar uma Realidade – pois para a maioria dos humanos esta é uma verdade tão tangível quanto os raios solares, o ar e a água da qual bebem todos os dias. Os véus de Maia a tudo encobrem e rasgá-los é tarefa que os homens não querem para si, pois preferem os tímidos relampejos do Conhecimento a enxergar a luz terrificante que emana da Essência.
As massas não nos interessam: acostumados a uma mentalidade de rebanho, muitas correntes filosóficas perderam a vitalidade e originalidade de seus pensamentos. O espírito coletivo abranda a coragem intelectual e cria compromissos em busca de maior popularidade, aceitação, cadeiras num Senado ou subsídios financeiros para publicações de escopo maior. A força desta Ordem está única e exclusivamente em sua rejeição completa de tornar-se uma agremiação de membros com carteirinhas. É um individualismo exacerbado, que faria um Stirner chorar de inveja, a força desta Ordem – e a limpeza de suas fileiras está garantida graças ao senso de isolamento que cultivamos tão fanaticamente.
Um dos grandes propósitos da Ordem é propor guerra ao Deus judaico-cristão. E ao dizer guerra significa uma negação absoluta do pensamento erigido em torno destes deuses e toda a noção de ética, moral, amor, espírito e outros aspectos da existência que estas religiões criaram. Negação das datas, negação dos comportamentos, negação das tradições e tudo o que esteja associado a elas. Ainda sentimos o odor das fogueiras inquisitórias onde ardiam bruxas detentoras de conhecimentos para sempre perdidos, alquimistas expandindo os horizontes da Ciência em seus laboratórios infectos, livres pensadores retirando as névoas defronte aos olhos dos homens... a Idade Média, freqüentemente associada ao obscurantismo e à ignorância, produziu muitos conhecimentos dos quais não restaram sequer metade. Tomamos como tarefa vingar o passado inscrito em nossa memória e reviver as fogueiras medievais com um novo propósito.
A vivência noturna, seja em longas vigílias frente a volumes de História Antiga ou em bares enfumaçados, é uma marca dos membros desta Ordem. Durante o dia vislumbra-se o espetáculo do Capital regurgitando dinheiro e mais dinheiro. Repartições, fábricas , escritórios, seções, lojas: tudo em agonia metódica para aumentar os lucros e multiplicar as necessidades humanas ao ponto em que dificilmente conseguimos distinguir o que é nossa vontade e o que é produto da propaganda. Na verdade, estamos todos neste turbilhão de estímulos e, como Debord, querendo o espetáculo que nos livre de nossa vida tão diminuta, mesmo que por breves instantes. Nas horas luminosas tona-se praticamente impossível qualquer exercício de sincera criatividade, tão tomada pela baixeza do Capital está a vida. Mas a Noite vem: a Noite, a mais antiga das divindades, multiplicadora dos sonhos, mãe do Pesadelo, da Morte e de todos os aspectos negativos da vida... E entre o ocaso do Sol e o advento de um novo dia, temos a chance de algumas horas para nos premiar com alguma aventura qualquer, algum devaneio que nos aproxime do Fantástico, alguma embriaguez onde, segundo os antigos romanos, o homem pode encontrar a sua verdade.
E é na noite também onde o sexo ocorre mais ostensiva e perigosamente. A Ordem entende o sexo como a porta mais fácil para o Prazer Absoluto: o gozo desmedido de Príapo que fertiliza multidões de mulheres em seus cortejos lascivos ou o inferno sexual de Gamiani de Musset são as imagens ideais do prazer, que deve ser buscado com um coito intenso que dispense carinhos e privilegie a agressividade dos gestos. O escorpião macho da Indonésia mata a fêmea após o intercurso sexual, o leão ruge e morde a leoa enquanto a possui, o urso não raro estrangula a companheira quando está procriando: a Natureza é rica em exemplos de uniões sexuais violentas e é nisto que reside toda a sua exuberância e lascividade. O homem deve compreender este aspecto de sua natureza e realizar em sua(s) parceira(s) este ímpeto para a conquista, buscando o prazer mais imponente e só interrompendo o coito quando da mulher arrancar urros de prazer.
Certamente esta Ordem permanecerá secreta e secretamente desenvolverá seus ritos. Alguns pontos como os aqui apresentados são tão somente preliminares dentro de um esquema de pensamento delicadamente cunhado por anos de estudo, observação e experiências diversas. Seus membros publicam este texto na intenção de esclarecer que, ao contrário do que os malditos detratores andam espalhando, não aceitamos propostas de inclusão de novos membros em nossas fileiras. Nosso objetivo nunca foi criar uma “escola” de pensamento ou uma “agremiação” de pseudo-ocultistas que desejam “harmonia”, “autodesenvolvimento” e todo um vocabulário asqueroso que povoa a literatura esotérica da atualidade – da qual mantemos sempre uma saudável distância, salvo raríssimos exemplos. Exemplos do passado nos ensinaram que somente a dignidade e a honra geram um real Conhecimento, por isso os membros desta Ordem são escolhidos e convocados a dela participar. E somente aqueles que agreguem uma real Potência em nossas fileiras nela permanecerão – pois a Grande Colheita é eminente e muitos campos precisam ser ceifados.



EMC

Ele era um homem que não queria falar
os pensamentos, os segredos queria ocultar.
Andava na cidade como um anônimo nada
confundindo-se com as pessoas, os tipos, as caras.
Entrar e sair sem ser percebido
respirar a sensação de nunca ser visto
Aquele homem vestia-se com mau gosto
e no esquecimento que mergulhara
já não se importava que os anos corriam,
nem que as fotos que marcaram a juventude
perdessem a importância
Aquele homem comia, pagava a conta e ia embora
sem responder aos olhares da garçonete.
Ele, forjado em vulgaridade,
era silêncio e vazio,
um vasto e solene campo aberto onde,
qual fosse a direção que se olhasse
avistávamos tudo e, ao mesmo tempo,
nada.


COMENTÁRIO: "Sobra-me tempo para andar, ver as pessoas, confundir-me com a massa de ignorantes invisíveis. É uma sensação deliciosa, essa de ser um fantasma. O olhar de reprovação, o olhar do carinho, o olhar da bondade: a todos estes olhares esquivo-me de forma muito natural. Decerto faltam-me recursos. O pão e chá que tenho mal chegam para três dias; e se isso é motivo para que o desespero tome conta de qualquer pessoa nessa aldeia miserável, estranhamente não é isso o que me preocupa. O que eu desejo mais ardentemente não são moedas, mas uma passagem para o anonimato, tão completa e profunda que nem eu mesmo consiga reconhecer-me. Estranhar-me a todos os credos, a todas as paixões, a todos os coágulos do sentimento e, na experiência do Nada, mergulhar e nunca mais submergir."



A LUZ DO MEIO-DIA

E meu espírito lança-se num vôo aventureiro
Entre as paredes dum abismo sem fim
A dançar, a dançar, sorridente e impetuoso
Ele contempla os raios do sol rasgando o ar.

É meio-dia, e meus olhos claros como a luz que a tudo incendeia
Enxergam aqueles redutos frios onde as trevas outrora dominavam

É meio-dia, e as sombras que tudo tornavam opaco
Agora são mínimas manchas negras num espetáculo de brilho

É meio-dia, e a luz terrível que vem do Sol
Já não me cega mais.

COMENTÁRIOS: “A experiência do Sol nos trará forças renovadas, acredite. Eu mesmo, nos anos de aprendizado, pensava que eram tão somente lendas e fanatismos dos últimos mestres. Levei anos pensando que se tratavam de meras crendices sem valor. Tive que me livrar de muitos dos vícios que a vida de hoje nos impõem para compreender o valor daquele conhecimento esquecido. Está em nosso sangue, perdido em partículas invisíveis aos olhos humanos, perdido para nossos sentidos empobrecidos. Eu pretendo reviver a experiência novamente e, quem sabe, aproveita-la melhor desta vez, e expandir os círculos de força para mais longe do epicentro. E se houver sangue, tanto melhor, pois...”



SONETO DO SORRISO

É um sorriso torto, sorriso que espuma
sorriso de louco, que oculta um segredo.
No brilho vulgar de sua brancura
nada inspira, a não ser o Medo.

Existe desdém naquele sorriso
pelas dores daquele que chora.
E mesmo sendo demasiados pedidos
da lembrança do Fraco ele não vai embora.

Chuta, soca, pisoteia sem dó,
faz as trevas ficarem escuras, o solitário só
São insolentes o Sorriso e sua alegria.

Trago-o no lábio estampado
o sorriso de um louco, de um celerado
o verso em carne da misantropia.

COMENTÁRIO: “... e modestamente sigo meu caminho. Não há uma gota de humildade em mim; talvez seja isso que a deixa bufando de raiva e com vontade de arranhar-me o rosto. Sabe o que eu digo da humildade? Ela significa um nome açucarado para aquilo que de onde eu vim chamamos de ”servidão“. É isso o que me enoja. A atitude paciente, o olhar lamentoso e cheio de cansaço que lotam os armazéns, as repartições, as praças, enfim, o tom monótono desta vida que levamos aqui. Se ainda alguma fé mundana habitasse em meu espírito, eu daria tudo – até mesmo atos de crime - para ver alguma agressividade genuína nascer no seio desta raça, para que a vontade de isolamento e glória fosse mais forte do que o impulso a criar aglomerações de humilhados.”



SONETO DO ROMANCE

Se você quiser alguém
não esqueça de me chamar
meu preço é tão baixo quanto o seu
e qualquer um pode pagar.

Basta apenas um aceno
não mais do que um olhar insinuante
e de joelhos estou entregue
às mentiras do romance.

Enamorado por frases delicadas
invento paraísos de carícias perfumadas
e abraços de vulgares covardias.

Tudo faz e nega para ter atenção
mente, trai, rasteja no chão.
É humilhado que nosso romance caminha.

COMENTÁRIO: "Era divertido usá-la e também sentir-me usado. Os amantes se apegam tanto aos jogos! As palavras ganham o sabor do açúcar e o Destino parece um companheiro acolhedor. Admitamos por um instante apenas que as teias do auto-engano, da ilusão e da mentira não nos fossem permitidas: existiria algum suspiro sobre a terra? Olhos umedecidos pela saudade?"


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