Defuntos : Sangue Morto

Black Avantgardiste / Portugal
(2007 - True Face of Evil Rex)
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Les paroles

1. A CAMINHO DA MORTE

(Instrumental)

2. NOS OLHOS DA LEMBRANÇA

A avidez alastra-se pelos caminhos
Saídas torturadas, espalham o terror nas regiões
Multidões amontoadas, escondidas secretamente
Para rituais de Morte…

Enterros sucessivos assolam a época
Recém nascidos e crianças falecem, nesta quadra de frio
Ataúdes rangem, Almas estremecem
Murmúrios provenientes do vazio, assombram…

Corredores enfeitados com velhice
Esculpidos por mãos cansadas de viver
O cheiro a bafio começa a ser sentido intensamente
Na escuridão, aparições ilustram o Passado oculto

Paredes adornadas com molduras macabras
Caras que viviam desoladas,
sem esperança
Pela corda a tragédia chegou àquele lar,
sem piedade
Meramente bolores crescem com vida nestas ruínas…

Num passado lúgubre
Eles vagueiam nas ruas da miséria
Na calçada,
os seus ossos tombam de desgraça

3. O NOSSO FUNERAL…

Olhamos para baixo, para corpos pútridos
Nós, de cima, em breve lá chegaremos
Em seu tempo… Com descanso…

Inúmeras são as vezes que a Morte desperta reflexões obscuras
Neste profundo Inverno, as almas vagueiam sem direcção
Das latrinas vejo o nosso futuro, a nossa vida sem sentido
Vivo com esta visão a correr-me o espírito,
A desfazer-se lentamente…

Com os punhos cerrados, o Ódio vem ao de cima
Dias de esperança tornam-se agoniantes e deixam a apatia penetrar
Os anos passados são para esquecer e os vindouros somente miséria trarão
O vazio que fica é apreciado em silêncio, sem mais nada…

Nestes bosques inalterados pelo tempo, os trilhos prevalecem sinistros
O luar incide nos tormentos de uma recordação maculada, decepando-a

O meu funeral está para advir, numa noite lúgubre os meus choros ouvir-se-ão
O meu funeral está para advir, tranquilo irei abraça-lo sem tristeza…

O nosso funeral – Alma marcha de dolência.

4. 3-XII-1871

Mais alto que o rumor da grande cheia
Que a ribeira trazia, era o lamento
E o galopar das legiões do vento
Pelas vielas lôbregas da aldeia…

Era em Dezembro à noite, às onze e meia,
Quando isso aconteceu… Nesse momento
Entrou em casa um pássaro agoirento
E apagou com as asas a candeia.

Bateu o vento com mais força às portas,
E conta a minha mãe que, sobre o leito,
Da telha vã caíram pingas mortas…

Ao mundo vim assim tão malfadado…
De tarde houvera um temporal desfeito;
Nasceu à noite mais um desgraçado…

5. …NAS ÁRVORES, O ESPLENDOR DA TRISTEZA…

Neste amanhecer, o horizonte fumega
Nota-se o leve nevoeiro, a fechar os trilhos
A encerrar passagens secretas
Árvores besta minha terra, recordações de um passado assombrado

As minhas lembranças são como espinhos cravados na pele
Pregos que encerram o meu caixão
Durante anos visitei este mato, não para me prolongar de sofrimento
Mas para apaziguar o meu espírito dos tormentos

Relembro com plangeria, o agradável som dos nossos passos
O diálogo das vozes dá lugar a monólogos de silêncio
A escuridão abraça agora as minhas noites de solidão
Por vezes sinto a tua presença a rodear-me
A minha fraqueza…

Conheço cada raiz, cada galho partido
Caminhos estes, feitos outrora com companhia
Agora, caminho só, decorando sombras
Somente com o ruído do vento a trespassar-me

Uma vez mortas…
Os momentos penosos, as sombras ilustram figuras
Uma vez morto…
Já mais sentirei dor…

Jamais sentirei Dor… Da vida.

6. O ENTERRO DO MORTO (A VISÃO DA TRAGÉDIA, CAPÍTULO II - A DESGRAÇA)

Triste Ambiente de melancolia acolhe-me nesta noite infindável. Sou invadido por um dialecto conhecido, mas ao mesmo tempo ausente, elevando a mágoa a um altar de dor. A carência de sofrimento é dolorosa, e nela a auro do Passado seduz-me novamente, induzindo a práticas funerárias. O caixão marcha lentamente por ruas envelhecidas, choros adornam a sua pulcritude… Lágrimas caem na serenidade esquecida, semeiam sinais de tristeza envolventes. A terra irá esconder a sua alma manchada, ou talvez numa gaveta recordado será. Queimadas irão estar as cinzas de uma vida, apenas quero estar perto do seu sofrimento. O corpo jaz desbotado, mas a sua beleza permanece intacta. Os ciprestes abrigam o corpo da chuva. A cova alaga-se, e o barro escorre pelas paredes íngremes… O enterro de algo sagrado aos meus olhos. Alma lembrança condenada até ao fim, nunca esquecida. Na vida o devido valor era ignorado, colocado num buraco.

7. VELÓRIO SOMBRIO (A VISÃO DA TRAGÉDIA, CAPÍTULO I - A VERDADE)

Na minha pele penetra o malogro de décadas nubladas
Visões perpétuas de sentimento embalsamados
Vibrações negativas isolam-me num mundo de Morte
A beleza serena…

Nesta gélida noite, antigas rezas ecoam
Ventos guiam-me para masmorras de negros sentimentos
… Calmo e irreal é o ambiente que me rodeia
Os ruídos da calema tornam-se distante… Cada vez mais distantes…

Esquifes servem o meu árido cadáver
O meu derradeiro abrigo nesta terra imunda
Velas sem chamas, velórios sem pessoas
Assim será fim… de uma vida penosa!

Lembranças coroadas em pedras monótonas
Apagadas de uma memória delicada
O seu véu preto, o jazigo do seu corpo e da minha esperança
As suas rosas e lemúrias em vão servirão… de desculpas!

Encontro-me deitado, sofrendo com vida…
Do caixão ergo-me, pálido e moribundo
Pálido e moribundo…

E todos os presentes olham-me estarrecidos
O meu nome será falado e conhecido por entre províncias… Como o Morto!


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